Filme "Invenções Democráticas no Quilombo"

Diagnósticos Psicossociais Participativos voltados ao inteligir coletivo. Mais…

Metodologia

As referências metodológicas do trabalho clínico-político junto ao Quilombo da Fazenda procedem da proposta de uma Psicopatologia para a Saúde Pública[1].

Diagnósticos Psicossociais Participativos

Voltados ao inteligir coletivo, os Diagnósticos Psicossociais Participativos são dispositivos que articulam investigação e intervenção social. Consistem em espaços de levantamento das necessidades e riquezas da população no que diz respeito à sua saúde mental. Partem das seguintes premissas:

  • de que um diagnóstico das questões referentes à saúde mental de um determinado grupo ou região pode e deve ser construído por sujeitos ativos coletivos;
  • de que se pode e deve efetivar o direito social de conhecer e deliberar acerca das categorias, critérios e procedimentos de avaliação de saúde mental;
  • de que o exercício da voz ativa dos cidadãos na caracterização dos seus sofrimentos psíquicos e questões emocionais, assim como o exercício do seu direito de participação nas decisões sobre o tipo de cuidados requeridos por essas questões e sofrimentos contêm em si uma dimensão terapêutica.
Oficinas do Medo e dos Sonhos

Destinadas à elaboração psíquica coletiva dos resultados dos Diagnósticos Psicossociais Participativos, as Oficinas do Medo e dos Sonhos consistem em espaços nos quais as aflições possam ser expressas e pensadas, abrindo para os sonhos, desejos, esperanças e projetos dos participantes. Tais dispositivos são terapêuticos, na medida em que se considera que o sofrimento psíquico pode ser positivamente transformador, mas que a condição de tal transformação é que este sofrimento possa ser experimentado e interpretado em situações de relação positiva com o semelhante, posto que não é possível nem aprender nem dar a aprender com o sofrimento se ele é referência, instrumento e ambiência únicos. Ainda que sob a forma de uma mínima esperança, é necessário um grão de encantamento, de alegria e de prazer sem o qual a melancolia leva à morte.

Praticáveis de Direitos Psíquicos

Trata-se de estratégia ligada às seguintes acepções da palavra praticável:

  • que se pode praticar ou pôr em prática; factível, exequível, realizável.
  • que pode dar passagem; transitável; viável.
  • cada um dos elementos cenográficos tridimensionais e móveis (como, p. ex., estrado, plataforma, esquadria, armação, suporte), utilizados no teatro para compor diferentes planos no espaço cênico em que os atores se movimentam.

Visando ao agir coletivo que torne realidade os projetos resultantes das Oficinas dos Sonhos, os Praticáveis de Direitos Psíquicos consistem em bases organizacionais de apoio para desempenhar papéis protagônicos e coadjuvantes, a partir de arranjos criativos de procedimentos (tais como Círculos de Paz, Círculos Restaurativos, Planos de Auto-Formação Local), materialidades mediadoras (tais como argila, galpões, mídias, instrumentos musicais) e instituições (tais como Incubadoras de Cooperativas). Viabilizando a relação solidária entre mente e corpo, afeto e razão, indivíduo e comunidade, os Praticáveis de Direitos Psíquicos objetivam que o pensar, o sentir, o imaginar, o sonhar, o interpretar e o comunicar possam se materializar em maneiras, recursos e processos de efetivação e de ampliação do bem-estar físico, mental e social.

Referências

1. O texto integral desta proposta encontra-se neste arquivo. ↑